“Nos primeiros tempos não fizemos nada. Fazíamos amor em todo o sítio e todos os dias, sem falhar um, houvesse regras ou não houvesse. Era uma doce obrigação. Eu era faminto, sexualmente faminto. Ela não era menos. Dir-se-ia que tínhamos nascido para fazer amor. Esquecíamo-nos de coisas triviais, tais como jantar, por causa da dita obrigação. Não sei o que acontecia com os outros casais. Connosco era assim. Uma, duas, três vezes por noite. Acordava às três da manhã, excitado, efervescente e despertava-a para mim e ela deixava-se ir. Durante quatro ou cinco anos não olhei para mais nenhuma mulher. Andava a cair de sono pelos cantos, depois de noites longas de sexo e prazer. Sexo contido, entenda-se, não era a selvajaria de hoje em dia. Não havia gritos pelo meio, percebe?”
O espelho da Lua – Joana Miranda
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