É pedir tão pouco à vida e mesmo assim não o consigo alcançar. Não quero bens materiais, não quero um palácio, nem um carro de sonho. Só queria alguém que preenchesse este vazio que irradia do meu coração, que me sufoca e me entristece.
Podias ser tu! Mas o teu coração já tem dono. Cheguei tarde! As palavras meigas, cheias de ternura e de afecto, já não são suficientes para apagar a dor deste coração solitário, que na noite desperta do silêncio. Os dias sucedem-se serenos, mas na noite, o coração sufocado à luz do dia, explode num pranto que se traduz nas lágrimas que brotam do canto do olho, que me escorrem pela cara e que se evaporam sem levar com elas o vazio que me sufoca.
Sinto-me só. A noite intensifica as lágrimas e a dor, e de nada adianta pedirem-me que me alegre. O meu coração está a sufocar, a dor esmaga-me a alma e não consigo atenuá-la.
Clauclau
Dedico este post à coragem e força de uma grande mulher.
Tata, je pense fort à toi.
Todo o nascimento é acompanhado de uma alegria enorme por parte dos pais que muitas vezes desconhecem que esta representará a maior prova por que terão de passar na vida, a luta diária, o passar a viver só um dia de cada vez, sem saber como será o amanhã. Quando a Sonia nasceu era uma criança linda como todas as outras, de cabelos louros e olhos azuis; a minha tia estava radiante com o seu bebé nos braços longe de imaginar que o seu futuro seria diferente do que tinha planeado. Os primeiros tempos ainda foram o sonho que tinham imaginado, mas com o passar do tempo começaram as angústias e o sofrimento. Os médicos não conseguiam fazer diagnóstico, saltaram de médico para médico, dia após dia, sem obter respostas e sem qualquer tipo de apoio. A maior dor neste caso é terem-se sentido completamente impotentes para ajudar a filha. É uma dor que os meus tios carregam em permanência no coração. Esta era a primeira filha do casal e passaram muitos anos sem desejarem outro filho com medo que também ele sofresse da mesma doença. Felizmente, passados oito anos, arriscaram, e o irmão é perfeitamente saudável, pelo menos, até à data, e espero que assim continue, e que nada de mal lhe aconteça, porque ele tem uma responsabilidade grande na vida. A Sonia tem hoje 26 anos. Os meus tios já não têm a força física nem psicológica que tinham antes e que foi em muito abalada por esta situação, e tenho a certeza que a maior dor neste momento é imaginarem o dia que partirão deste mundo e em que a filha ficará desamparada.
Felizmente, não residem neste país de terceiro mundo. Ao contrário de todos os meus outros tios que atingindo a idade da reforma, regressam a Portugal, eles sabem que nunca o poderão fazer. A Sonia só passa os fins-de-semana com a família, uma vez que durante a semana reside numa instituição que lhe proporciona condições para que a sua vida seja um pouco melhor, que lhe assegura uma vigilância 24 horas por dia, bem como a toma da medicação no momento certo e todos os outros cuidados necessários. Para que a Sonia esteja nesta instituição, são necessários mais de 2.000,00€/mês, valor este que é pago com a pensão que lhe foi atribuída e que permite que a Sonia tenha a sua permanência na instituição assegurada, deixando aos pais um “fardo” mais leve no que toca ao futuro da filha. É quando penso nessas ajudas a nível económico, a nível de apoio na saúde, é que digo que vivemos num país de terceiro mundo. É verdade. Onde é que o estado português assegura às pessoas com doenças destas uma pensão que lhes permita ter uma vida mais digna numa instituição concebida exactamente para esse fim? Onde é que comparticipa a 100% as toneladas de medicamentos que estes doentes têm de tomar, diariamente, e durante toda a vida?
Apesar de Portugal precisar de uma lavagem no que se refere a politicas e reformas, a verdade é que tenho a sensação que começamos cada vez mais a andar como o caranguejo, e não vejo como é que isto algum dia vai entrar no bom caminho. É claro que quem aprova essas leis não se importam muito com a situação da maioria, que ainda são aqueles que têm poucos recursos. Para eles a realidade passa-lhes um pouco à margem. Gostava de saber quantos dos nossos políticos enfrentam as filas de espera dos Centros de Saúde para conseguir uma simples consulta. Pois, eles não sabem sequer o que é isso. Todos têm salários exorbitantes que lhes permitem ter os melhores seguros de saúde, ser recebidos nos melhores hospitais privados, à hora marcada, tudo isso graças aos impostos que todos nós pagamos... mas nós... somos só nós... sem voz para mudar a politica de corrupção que governa o país. O rico, nunca sai prejudicado. Se aumenta os impostos, é para todos, logo... quem sai prejudicado, é sempre o ceguinho!
Felizmente existem pessoas que ainda têm valores, sentimentos, e que ajudam a melhorar a vida dos que mais necessitam.
Entre muitas outras instituições, encontra-se a Raríssimas, Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras, criada para apoiar doentes, famílias e amigos daqueles que convivem diariamente com estas doenças. Entre outras, a Associação promove congressos e seminários, campanhas de sensibilização, tentando estar sempre informados para que possam ajudar da melhor forma possível estes pais, que ao descobrirem que têm um filho com uma doença rara, se sentem revoltados, desamparados e sem saber como agir. No site da instituição, estas famílias poderão pedir ajuda terapêutica com um acompanhamento mais personalizado junto do Gabinete de Apoio às Famílias, bem como encontrar diversa informação e testemunhos de pessoas que sofrem destas doenças, ou que têm familiares com as mesmas.
O tema "O mesmo olhar" será o hino da Raríssimas e do seu projecto de acolhimento e apoio a crianças com doenças raras e seus familiares, a Casa dos Marcos. Esta é mais uma etapa de sensibilização para as doenças raras que conta com o apoio da Drª Maria Cavaco Silva. O CD-DVD vai estar à venda até final do ano no El Corte Inglês e insere-se numa campanha de sensibilização e angariação de fundos para a Casa do Marcos, a decorrer durante 2007. Com o início da construção agendado para o último trimestre de 2007, e conclusão em 2009, a casa terá porta aberta para uma população portadora de doenças mentais e raras adulta ou jovem adulta, com carências de apoio, e de actividades lúdicas e intelectuais.
O que é uma «doença rara»?
Uma “doença rara” é uma doença que afecta um número pequeno de indivíduos comparativamente com a população em geral, ou seja, quando afecta uma pessoa em cada 2000.
Estão identificadas cerca de 7000 doenças raras, das quais 80% são de origem genética, atingindo entre 25 a 30 milhões de pessoas na Europa, e todas as semanas há novas doenças que são definidas. Quanto maior o número de diferenças, de sintomas, de características que se associarem a uma doença, conjugando com a sua progressão e resposta a tratamentos, mais precisa será a sua definição.
As doenças raras são causa de mortalidade precoce e/ou têm natureza crónica debilitante e invalidante que requer tratamentos continuados e especializados durante toda a vida.
“Qualquer pessoa pode ter uma doença rara”. Quem o afirma é Luís Nunes, geneticista e director do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, que deixa bem claro que este tipo de alterações podem atingir, indiscriminadamente, qualquer ser humano. “Não é possível apontar motivos e explicações científicas para o desenvolvimento de uma doença rara, mas a verdade é que qualquer pessoa a pode ter”, sublinha.
Segundo Luís Nunes, “em geral sabe-se muito pouco sobre estas doenças. Fazem-se exames, identificam-se casos parecidos e malformações, mas pouco mais. Algumas são mais ou menos frequentes em determinadas regiões, outras são mesmo raras”.
Primeiro a indefinição do diagnóstico, depois a procura incessante de meios disponíveis para lidar com as complicações da doença, o confronto com a escassa informação e os recursos espalhados um pouco por todo o lado. “As crianças com doenças raras passaram por um longo caminho até saberem que doença têm. É raro serem diagnosticadas à nascença. Os pais sofrem muito e nesta caminhada estão muito sozinhos. Há muita dispersão relativamente aos médicos e especialidades que consultam. Os bebés vão ao neurologista, ao cardiologista, ao pediatra... parece que estão divididos, espartilhados, pelas diversas especialidades. Os pais perdem-se neste percurso”, denuncia Luís Nunes. Para o geneticista, os serviços de saúde “têm obrigação de aconselhar para as opções reprodutivas dos pais e informar sobre as implicações da doença”. Por outro lado, defende, “as associações de apoio têm também a grande responsabilidade de ajudar as famílias a lidar melhor com o problema”.
Quando a primeira dificuldade é ultrapassada, ou seja, quando finalmente é feito o diagnóstico, “o médico está tão entusiasmado por ter identificado a doença que, muitas vezes, se limita a dizer: ‘O seu filho tem a doença de Batten’, por exemplo”, diz Luís Nunes. “Isto para os pais não significa nada. A preocupação não é saber o nome da doença, mas o que ela implica”, continua o director do Hospital Dona Estefânia.
Descrever a doença, explicar quais as consequências, ou o que fazer para ajudar a criança, fica para segundo plano. Por outro lado, o grande problema é não existir informação suficiente para dar respostas eficazes aos pais. A história natural da doença é desconhecida e não se saber muito bem de que forma é que poderá, mais tarde, afectar a vida do bebé e da própria família.
“Sabemos como é que os bebés crescem, quais as etapas de crescimento. Nas crianças com Trissomia 21, sabe-se que têm mais complicações da tiróide, probabilidade para a surdez, complicações com a visão. Ou seja, é possível fazer uma previsão e principalmente adaptar um programa de cuidados de saúde à natureza do doente.
Quando são doenças raras, as pessoas não sabem nada”, aponta Luís Nunes. O processo é lento e o conhecimento aumenta com o tempo. “As crianças têm que ir sendo, aos poucos, canalizadas para consultas mais centralizadas, ou então, tem de ser dada informação regular às pessoas. No caso da Síndrome Cornelia de Lange, estamos a procurar centralizar as consultas em Lisboa, Porto e Coimbra”, revela o geneticista. O mais importante é “divulgar a informação” e neste campo “as associações têm um papel muito importante, já que descodificam a informação dada pelo médico”.
Adaptado do artigo "O que é uma doença rara?", da Dr.ª Salomé de Almeida, Bioquímica, Geneticista, doutorada em Genética, publicado no site da Rarissimas:
“Temos a certeza que todas as casadas de vinte e cinco anos cometeram um erro enorme – que dentro de dez anos elas acordarão a pensar por que razão o desconhecido que está a seu lado na cama prefere fazer zapping do que ter sexo, e quanto dinheiro terão de gastar num conselheiro matrimonial para retirar o casamento do seu estado vegetativo.”
À procura do Homem ideal – Suzanne Schlosberg
"Um senhor, há muito, muito tempo, tanto acusou o vizinho de que era ladrão que o rapaz acabou preso! Dias depois, descobriram que ele era inocente.
O rapaz foi solto, e processou o homem.
No tribunal, o velho diz ao juiz:
- Comentários não causam tanto mal.
E o juiz responde:
- Escreva os comentários num papel, depois pique e jogue os pedaços no caminho de casa. Amanhã, volte para ouvir a sentença.
O senhor obedeceu e voltou no dia seguinte.
- Antes da sentença, terá que recolher os pedaços de papel que espalhou ontem - disse o juiz.
Responde o velho:
- Não posso fazer isso. O vento deve tê-los espalhado, já não sei onde estão.
Responde o juiz:
- Da mesma maneira, um simples comentário pode destruir a honra de um homem, a ponto de não podermos consertar o mal.
Se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada."
Autor desconhecido
A ti Jorge... pena é que não te tenha servido de lição e que não tenhas aprendido nada com o mal que causaste aos outros. Naquele dia perdi um primo. Paciência! Só tenho pena de não poder escolher a família. Devia ser como as amizades. Devíamos poder escolher as pessoas que queremos que tenham laços connosco. Porque há certos laços de família que dispenso. Sobretudo quando são as pessoas do mesmo sangue que nos atiram a primeira pedra. Normalmente, até dou pouca importância ao que dizem ou deixam de dizer. Não sendo pessoas que convivem diariamente comigo, o que dizem entra num ouvido e sai pelo outro; mas quando se trata da própria família a inventar essas histórias, é muito dificil de esquecer, quanto mais perdoar. Depois de ter conhecimento da sua invenção, falei com ele olhos nos olhos para ouvir a versão da boca dele. Ainda me lembro que as últimas palavras que lhe disse foram "És um merda!". Depois desse dia para mim morreu e passei a ignorá-lo por completo. Pode estar num grupo de pessoas, ou até mesmo numa festa de família, cumprimento os outros todos e faço como se ele fosse transparente, como se não o tivesse visto. Os outros reparam e até a minha mãe me chama a atenção. Temos pena! Até faço de propósito para que todos saibam o motivo pelo qual deixei de o cumprimentar, de falar com ele ou de lhe lançar um simples olhar. O que ele inventou, pôs fim à minha relação com o AFL. E tudo o que foi destruido, tal como os pedacinhos de papel, jamais poderá ser reconstruido, porque haverá sempre muito pedacinho de "papel" em falta. É claro que o AFL é que é o culpado de ter acreditado nos outros e não em mim. Ele carrega o peso de ter feito desabar o castelo de cartas, mas grande parte da culpa foi do Jorge que retirou uma das cartas da base do castelo: a confiança. E sem essa carta, não há castelo que resista.
“Às vezes é preciso aprender a perder, a ouvir e não responder, a falar sem nada dizer, a esconder o que mais queremos mostrar, a dar sem receber, sem cobrar, sem reclamar. Às vezes, é preciso respirar fundo e esperar que o tempo nos indique o momento certo para falar e então alinhar as ideias, usar a cabeça e esquecer o coração, dizer tudo o que se tem a dizer, não ter medo de dizer não, não esquecer nenhuma ideia, nenhum pormenor, deixar tudo bem claro em cima da mesa para que não restem dúvidas e não duvidar nunca daquilo que estamos a fazer.
Às vezes, é preciso partir antes do tempo, dizer aquilo que mais se teme dizer, arrumar a casa e a cabeça, limpar a alma e prepará-la para um futuro incerto, acreditar que esse futuro é bom e afinal já está perto, apertar as mãos uma contra a outra e rezar a um deus qualquer que nos dê força e serenidade. Pensar que o tempo está a nosso favor, que a vontade de mudar é sempre mais forte, que o destino e as circunstâncias se encarregarão de atenuar a nossa dor e de a transformar numa recordação ténue e fechada num passado sem retorno que teve o seu tempo e a sua época e que um dia também teve o seu fim.
Às vezes, mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar. No ar ficará para sempre a dúvida se fizemos bem, mas pelo menos temos a paz de ter feito aquilo que devia ser feito, somos outra vez donos da nossa vida e tudo é outra vez mais fácil, mais simples, mais leve, melhor.
Às vezes, é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo abaixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio no derradeiro momento e sem olhar para trás, abrir a janela e jogar tudo borda fora, queimar cartas e fotografias, esquecer a voz e o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada passo e cada palavra, cada promessa e cada desilusão, atirar com tudo para dentro de uma gaveta e deitar a chave fora, ou então pedir a alguém que guarde tudo num cofre e que a seguir esqueça o segredo.
Às vezes, é preciso saber renunciar, não aceitar, cão cooperar, não ouvir nem contemporizar, não pedir nem dar, não aceitar nem participar, sair pela porta da frente sem a fechar, pedir silêncio paz e sossego, sem dor, tristeza e sem medo de partir. E partir para outro mundo, para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é ficar, permanecer, construir, investir, amar.”
As crónicas da Margarida – Margarida Rebelo Pinto
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