Sexta-feira, 22 de Junho de 2007

Armadilha

"Acordo todas as manhãs com este zumbido e a certeza que não vais voltar. Cansada de me convencer que, apesar e acima do teu individualismo, estava a tal inevitabilidade a que nos submetemos e chamamos amor, pensei que, com todo esse amor que sentia por ti, te iria suavizar e de alguma forma fazer parte do teu equilíbrio, tornando-te subtilmente indispensável. Helàs. Nunca pensei enganar-me tanto. Mas só agora percebo o teu amor por mim não foi uma inevitabilidade, mas uma escolha. Alguém que te chamou a atenção e que, um dia, decidiste que querias atravessar, com a intuição certeira de um animal selvagem que procura refúgio temporário, quando está cansado. Sei que não vinhas a fugir de nada, nem à procura de coisa nenhuma. Mas acho que, quando eras pequeno, te arrancaram uma parte de ti, e desde então ficaste incompleto e perdeste, quem sabe talvez para sempre, a capacidade de adormecer nos braços de alguém sem que penses no perigo de ficar na armadilha do carinho para todo o sempre."

Alma de Pássaro - Margarida Rebelo Pinto

 

 

 

Quinta-feira, 21 de Junho de 2007

Anel

“Ela olha para a mão esquerda dele. No anelar, lá está a prova. Sempre a vira lá, mas nunca pensara sobre isso, como se preferisse nem pensar se ele era ou não. De resto, isso, de facto, já pouco interessava. Todos os homens interessantes do mundo deviam ter aquela aliança com, no interior, o nome gravado das afortunadas “proprietárias.”

“Que ódio... – O que é que essas mulheres fazem para merecerem casar com estes homens, respirar o ar que eles respiram, dormir ao lado deles, serem amadas... e traídas por eles. Não se importava de ser traída por um homem destes.”

A outra metade da laranja – Joana Miranda

 

 

 

Quarta-feira, 20 de Junho de 2007

Homens

“Queria manter a mulher e a amante. Homens assim causavam-lhe uma sensação de nojo. Não tinham respeito pelas mulheres, nem pelas amantes e nem por eles mesmos.”


Não se escolhe quem se ama – Joana Miranda

 

 



Terça-feira, 19 de Junho de 2007

Carossel

"Hoje passei em frente de um parque de diversões. Como não posso gastar dinheiro à toa, achei melhor observar as pessoas. Fiquei muito tempo parada diante da montanha-russa: via que a maioria das pessoas entrava ali em busca de emoção, mas, quando começavam a andar, morriam de medo e pediam que parassem os carros.
O que querem elas? Se escolhem a aventura, não deviam estar preparadas para ir até ao fim? Ou acham que seria mais inteligente não passar por estes sobes e desces, e ficar o tempo todo num carrossel, girando no mesmo lugar?
De momento estou demasiado sozinha para pensar em amor, mas preciso de me convencer de que isso vai passar, conseguirei o meu emprego e estou aqui porque escolhi o meu destino. A montanha-russa é a minha vida, a vida é um jogo forte e alucinante, a vida é lançar-se de pára-quedas, é arriscar-se, cair e voltar a levantar-se, é alpinismo, é querer subir ao topo de si mesmo, e ficar insatisfeita e angustiada quando não se consegue." 

Onze minutos - Paulo Coelho

Segunda-feira, 18 de Junho de 2007

Sonho secreto

A música ecoava como uma melodia que nos mergulhava num mundo de fantasia. Para me refugiar dos que me perseguiam, pedi-te aconchego. E Tu estavas ali mesmo ao meu lado, disposto a ser o meu anjo protector naquela noite gélida. Aconchegaste-me nos teus braços e fizeste-me deslizar ao som da música. A saudade do que vivemos invadiu o meu pensamento. A verdade é que nunca me esqueci de ti.  Estávamos no meio da multidão, debaixo de um céu carregado de nuvens que ameaçava rebentar a qualquer momento. Nos teus braços senti-me uma criança protegida, uma mulher desejada, uma alma feliz. As palavras e os sorrisos deram lugar ao silêncio, às sensações, aos arrepios. Nas nossas mentes recordámos momentos fugazes em que os nossos corpos se revelaram à luz da lua. Os corações começaram a bater com mais intensidade, o desejo era evidente no nosso olhar, os passos de dança eram cada vez mais lentos e nos nossos corpos comprimiam-se cada vez mais um contra o outro. Quando a música terminou, dei-te um beijo no rosto e parti. Dei apenas alguns passos, e ao virar-me, os meus olhos mergulharam nos teus. Pegaste-me ao colo e, por impulso, coloquei os meus braços em volta do teu pescoço. Olhando o céu, era visível que uma enorme tempestade se iria abater sobre a terra. Mas tu ignoraste isso, e prometeste que me irias mostrar as estrelas.

De repente acordei. Olhei para o travesseiro a meu lado e tu não estavas lá. Um sorriso enorme invadiu-me o rosto e o coração. Era pura ilusão. Um sonho apenas, mas era como se tivesse mesmo visto as estrelas. Ainda sentia o teu corpo a transpirar contra o meu, as tuas mãos entrelaçadas nas minhas e uma voz de criança a sussurar-me ao ouvido.

 

clauclau

 

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Amor não revelado

“... pensa de si para si em como ela é bonita. Em como continuou bonita pelos anos fora. Já não terá o corpo esbelto de quando a conheceu aos dezassete anos. Em contrapartida terá ganho uma outra maturidade, uma outra postura, um «savoir être», uma luz interior que o continua a cegar como nos primeiros tempos. Enquanto a observa, a bebericar o chá com um prazer sentido, sente que a ama como sempre a amou, ou que talvez apenas a ame ainda mais. Sente que há-de amar até à eternidade. Sabe também que nunca lho dirá. Sabe que ela o fez sofrer de mais, que o magoou profundamente e que não se humilhará ao ponto de lho confessar e receber como resposta uma observação qualquer que dilacere a alma. É bom que ela pense que existe uma mulher na vida dele. Talvez descubra que sente alguma coisa por ele. As mulheres são assim. Podem achar que não amam um homem até ao momento em que sabem ou julgam saber que ele está apaixonado por uma outra mulher. Nessa altura, lutam por ele como verdadeiras leoas. No fundo, Manuel ainda não perdeu a esperança que Matilde descubra dentro de si algum amor por ele.”
Não se escolhe quem se ama - Joana Miranda
 

 
 
Domingo, 17 de Junho de 2007

Aquilo que os homens já esqueceram

 “Os homens já se esqueceram que apesar das nossas carreiras de sucesso, dos nossos ordenados confortáveis, da nossa independência e autonomia somos mulheres que gostamos de nos sentir seguras e protegidas, que precisamos que nos digam de vez em quando que estamos bonitas, que às vezes o que mais nos apetece é poder ficar em casa a brincar com os filhos e a folhear revistas e escolher o modelo das cortinas do quarto, ou ir à ginástica e ao cabeleireiro, ler romances de água com açúcar, ter tempo para fazer uma sobremesa deliciosa, abrir o vinho e acender as velas para o jantar.”
 
As crónicas da Margarida – Margarida Rebelo Pinto

Sábado, 16 de Junho de 2007

Amar ou ser amada

“Até porque também é ela que me diz que prefere amar sem ser amada do que o inverso. Enquanto eu amo um homem, ele vive dentro de mim, faz-me sonhar, vejo o mundo com mais nitidez, a vida ganha contornos novos, descubro coisas boas nos outros, estou atenta, sinto-me viva, sinto sobretudo que vale a pena viver.”
 
“... enquanto estamos vivos, é preciso saber viver o amor, esquecer mágoas e matar inseguranças e acreditar que vale a pena amar alguém, que vale a pena partilhar o nosso amor, mesmo que quem o recebe não saiba abrir as mãos para o agarrar.”
As crónicas da Margarida – Margarida Rebelo Pinto
Sexta-feira, 15 de Junho de 2007

Alguém que me saiba amar

“- Não, não acho, nada do que me contou me fez ter essa imagem de si. Você é linda, por fora e por dentro. Precisa de ser amada desesperadamente por alguém que saiba amar como você merece. É só isso. Você é sensual e não tem de se punir por isso. Nasceu assim. Não pode evitar que os outros se sintam atraídos por si. Você é uma fêmea.
Sente outra vez uma onda morna de desejo envolver-lhe o corpo. Apetece-lhe tocá-lo e abraçá-lo. Mas não o faz. Sempre os limites. Do que se deve e não deve, do que se pode e não pode.”
A outra metade da laranja – Joana Miranda
Quinta-feira, 14 de Junho de 2007

A outra

“Nas tintas, minha querida. Nem gasto tempo a pensar. Odiei o papel de “a outra”! É só! Sei, bem de mais!, o que é ser a legitima enganada. Quando foi a minha vez, não gostei. Não gostei nem um pedacinho. A vergonha, a humilhação, o sentir-me atraiçoada na confiança, o ser roubada dos sonhos... De resto, tu também sabes. Também levaste o teu belo par deles...”
Praia das Maçãs - Margarida Faro

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