"Acordo todas as manhãs com este zumbido e a certeza que não vais voltar. Cansada de me convencer que, apesar e acima do teu individualismo, estava a tal inevitabilidade a que nos submetemos e chamamos amor, pensei que, com todo esse amor que sentia por ti, te iria suavizar e de alguma forma fazer parte do teu equilíbrio, tornando-te subtilmente indispensável. Helàs. Nunca pensei enganar-me tanto. Mas só agora percebo o teu amor por mim não foi uma inevitabilidade, mas uma escolha. Alguém que te chamou a atenção e que, um dia, decidiste que querias atravessar, com a intuição certeira de um animal selvagem que procura refúgio temporário, quando está cansado. Sei que não vinhas a fugir de nada, nem à procura de coisa nenhuma. Mas acho que, quando eras pequeno, te arrancaram uma parte de ti, e desde então ficaste incompleto e perdeste, quem sabe talvez para sempre, a capacidade de adormecer nos braços de alguém sem que penses no perigo de ficar na armadilha do carinho para todo o sempre."
Alma de Pássaro - Margarida Rebelo Pinto
“Ela olha para a mão esquerda dele. No anelar, lá está a prova. Sempre a vira lá, mas nunca pensara sobre isso, como se preferisse nem pensar se ele era ou não. De resto, isso, de facto, já pouco interessava. Todos os homens interessantes do mundo deviam ter aquela aliança com, no interior, o nome gravado das afortunadas “proprietárias.”
“Que ódio... – O que é que essas mulheres fazem para merecerem casar com estes homens, respirar o ar que eles respiram, dormir ao lado deles, serem amadas... e traídas por eles. Não se importava de ser traída por um homem destes.”
A outra metade da laranja – Joana Miranda
“Queria manter a mulher e a amante. Homens assim causavam-lhe uma sensação de nojo. Não tinham respeito pelas mulheres, nem pelas amantes e nem por eles mesmos.”
Não se escolhe quem se ama – Joana Miranda
"Hoje passei em frente de um parque de diversões. Como não posso gastar dinheiro à toa, achei melhor observar as pessoas. Fiquei muito tempo parada diante da montanha-russa: via que a maioria das pessoas entrava ali em busca de emoção, mas, quando começavam a andar, morriam de medo e pediam que parassem os carros.
O que querem elas? Se escolhem a aventura, não deviam estar preparadas para ir até ao fim? Ou acham que seria mais inteligente não passar por estes sobes e desces, e ficar o tempo todo num carrossel, girando no mesmo lugar?
De momento estou demasiado sozinha para pensar em amor, mas preciso de me convencer de que isso vai passar, conseguirei o meu emprego e estou aqui porque escolhi o meu destino. A montanha-russa é a minha vida, a vida é um jogo forte e alucinante, a vida é lançar-se de pára-quedas, é arriscar-se, cair e voltar a levantar-se, é alpinismo, é querer subir ao topo de si mesmo, e ficar insatisfeita e angustiada quando não se consegue."
Onze minutos - Paulo Coelho
A música ecoava como uma melodia que nos mergulhava num mundo de fantasia. Para me refugiar dos que me perseguiam, pedi-te aconchego. E Tu estavas ali mesmo ao meu lado, disposto a ser o meu anjo protector naquela noite gélida. Aconchegaste-me nos teus braços e fizeste-me deslizar ao som da música. A saudade do que vivemos invadiu o meu pensamento. A verdade é que nunca me esqueci de ti. Estávamos no meio da multidão, debaixo de um céu carregado de nuvens que ameaçava rebentar a qualquer momento. Nos teus braços senti-me uma criança protegida, uma mulher desejada, uma alma feliz. As palavras e os sorrisos deram lugar ao silêncio, às sensações, aos arrepios. Nas nossas mentes recordámos momentos fugazes em que os nossos corpos se revelaram à luz da lua. Os corações começaram a bater com mais intensidade, o desejo era evidente no nosso olhar, os passos de dança eram cada vez mais lentos e nos nossos corpos comprimiam-se cada vez mais um contra o outro. Quando a música terminou, dei-te um beijo no rosto e parti. Dei apenas alguns passos, e ao virar-me, os meus olhos mergulharam nos teus. Pegaste-me ao colo e, por impulso, coloquei os meus braços em volta do teu pescoço. Olhando o céu, era visível que uma enorme tempestade se iria abater sobre a terra. Mas tu ignoraste isso, e prometeste que me irias mostrar as estrelas.
De repente acordei. Olhei para o travesseiro a meu lado e tu não estavas lá. Um sorriso enorme invadiu-me o rosto e o coração. Era pura ilusão. Um sonho apenas, mas era como se tivesse mesmo visto as estrelas. Ainda sentia o teu corpo a transpirar contra o meu, as tuas mãos entrelaçadas nas minhas e uma voz de criança a sussurar-me ao ouvido.
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