Não podemos ser SEMPRE felizes. Temos apenas momentos felizes que temos de saber aproveitar. Um simples olhar, um beijo, um abraço, uma palavra carinhosa, um sorriso.
É necessário saborear cada pedacinho desse presente que nos faz feliz, porque sabemos que o passado não volta e reconhecemos que ele também já não nos faria feliz.
Clauclau
Para isso, é necessário que estejam predispostos a mudar. Caso contrário, é melhor desistir. Os outros só mudam se quiserem e nós não temos poderes sobre eles para alterar isso. A única coisa que podemos fazer é aceitá-los como são, ao mesmo tempo que tentamos diminuir os defeitos. Se não conseguirmos, é sinal de que estamos a ir pelo caminho errado e não sei se o esforço valerá a pena.
Clauclau
"Nunca devemos amar em silçêncio, nada é mais perigoso do que dividir com outrém os pensamentos vividos em silêncio. Um amor feliz precisa do turbilhão das palavras, das frases aparentemente inúteis e sem sentido, precisa de adjectivos, de elogios, do rúido das banalidades. Não há felicidade que não seja tantas vezes fútil, tantas vezes inútil."
"Pensei em F., na sua beleza frontal e sem subtilezas, sólida certeza de mulher do Ocidente. Diz-se que, de quando em quando, F. atraiçoa o marido, discreta mas empenhadamente. Parece-me verdade, isto: há sinais que não enganam. E, hoje à noite, F. vai estar sozinha, o marido vai dormir num aldeamento turistico fora da cidade, cuja compra anda a negociar. Pergunto-me se valerá a pena: penso nas suas pernas compridas, o peito amplo, os olhos rasgados, a sua boca grande. Certamente que ela não quererá mais do que eu próprio quero, falta-me descobrir a consistência da sua pele, agarrá-la pelos cabelos, anadar à roda como a ventoinha suspensa do tecto no quarto do hotel, o corpo húmido de F. sobre o lençol de seda de Sião, e depois sair futivamente, como um ladrão nocturno. Valerá a pena? Remorsos, sim, é verdade, às vezes tenho remorsos. Vejo-me em sonhos como um pássaro negro, crepuscular, alimentando-se nas sombras, nos desperdícios, nos destroços, das vidas alheias. mas, afinal, o que se leva da vida, senão remorsos? Remorsos do que podia ter sido e não foi e do que se perdeu depois de ter sido. Remorsos do que devia ter sido dito e feito. Remorsos destes eternos desencontros, desta sensação de que nada existe no seu tempo certo, de chegar sempre tarde ou partir cedo demais. Por que será que a seguir à noite vem sempre a manhã e de manhã pesa sempre nos olhos e na alma o que se fez e desfez de noite - um corpo húmido deixado num lençol de seda e o ladrão furtivo desse corpo abandonando o quarto que não é seu, em direcção ao vazio de tudo o que lhe pertence, inutilmente?"
"Estava a falar de Lisboa: que tinha lá vivido, catorze anos, uma cidade boa e que tinha lá um negócio, no Cacém, que corria muito bem - vendia muito, vendia tudo. Trabalhava todos os dias, de sol a sol, no negócio das mobílias. Mas não ficava parado nas lojas, à espera dos clientes. Ia ter com eles, nem que fosse de noite, tá a ver. Se alguém se casava ou mudava de casa, lá ia eu propor-lhes a minha mobília. O sacana do alentejano vende que se desunha, diziam os outros, os invejosos. Eles´prá li sentados, a ver o pessoal, e eu sempre de um lado para o outro. Eram outros tempos, o senhor está a ver, fui juntando ouro, que o dia de amanhã pertence a outros. Todos os meses acrescentava o cordão de ouro que a minha mulher trazia ao peito - chegou a ter um quilo cento e cinquenta gramas de ouro fino. E pulseiras, medalhões, pratas também. E, depois, aquela puta fugiu de casa, com as duas crianças e o ouro todo. Foi com outro, mais novo do que ela, deixou-me corno e sem tostão do que tinha juntado todos aqueles anos. Mas também lixou-se: assim que se apanhou com o outro, o tipo foi à vida, ou ela julgava que era amor?"
"Foi a mim que eu fui destruindo, lentamente. Sofrendo com a tua presença e sofrendo com atua ausência. Sofrendo por existires na minha vida e sofrendo pelo terror de saber que tinha de te perder, no fim. E cada dia adiei as palavras que nos afastariam para sempre. E, das vezes que o tentei e que as disse, voltei sempre atrás quando tu me foste buscar porque, vês tu meu amor, o teu olhar magoado gritava-me que era por mim que tu sofrias e eu amava-te e nada fazia sentido, não havia razão para estarmos um sem o outro. E eu odiava-me por ver o que te fazia. Odiava a minha fraqueza e odiava que me amasses tanto que preferisses ter-me de uma forma tão desleal e tão cruel para ti, do que não me teres nunca mais. E cheguei a desejar que te cansasses enfim e me abandonasses. Mas, mal o desejava e logo ficava gelada de pavor e assim que te via agarrava-me a ti e abraçava-te até tu dizeres «sufocas-me» e cobria-te de beijos como se quisesse comer cada bocado de ti e lançava mão de tudo o que sei para te seduzir, como se fosse o nosso primeiro encontro, para que eu sentisse da tua parte que tu nunca serias capaz de me deixar."
"E que te interessa, afinal, saber se eu sou feliz, assim? Por que me perguntas sempre isso, quando me encontras? Por que te satisfaz tão fraca desforra, como se a tua sobrevivência já só se pudesse alimentar da minha impossibilidade de ser feliz?
E por que não és feliz, então? Tu que tens tudo para isso e que és livre, nada te prende e nada deves a ninguém senão a ti próprio? Por que permaneces amarrado a mim como o último marinheiro de um navio velho que nunca mais navegará e que, em lugar de embarcar noutro barco e com outro destino, permanece grudado na ponte de comando inútil, envelhecido com o sue barco, ressequido e amargo? Gozando o caos e a ruína, o sabor a coisa gasta."
afl(30)
amor(260)
casamento(10)
catherine dunne(11)
citações(324)
joana miranda(60)
jorge bucay e silvia salinas(11)
livros(308)
maria joão lopo de carvalho(10)
paulo coelho(28)
robin sisman(9)
sofrimento(21)
stefania bertola(12)
vida(183)