“Nos primeiros tempos não fizemos nada. Fazíamos amor em todo o sítio e todos os dias, sem falhar um, houvesse regras ou não houvesse. Era uma doce obrigação. Eu era faminto, sexualmente faminto. Ela não era menos. Dir-se-ia que tínhamos nascido para fazer amor. Esquecíamo-nos de coisas triviais, tais como jantar, por causa da dita obrigação. Não sei o que acontecia com os outros casais. Connosco era assim. Uma, duas, três vezes por noite. Acordava às três da manhã, excitado, efervescente e despertava-a para mim e ela deixava-se ir. Durante quatro ou cinco anos não olhei para mais nenhuma mulher. Andava a cair de sono pelos cantos, depois de noites longas de sexo e prazer. Sexo contido, entenda-se, não era a selvajaria de hoje em dia. Não havia gritos pelo meio, percebe?”
O espelho da Lua – Joana Miranda
(...)Ao contrário do que os meus clientes pensam, o sexo não pode ser praticado a qualquer hora. Há um relógio escondido em cada um, e para fazer amor os ponteiros das duas pessoas têm de marcar a mesma hora ao mesmo tempo. Isso não acontece todos os dias. Quem ama não depende do acto sexual para se sentir bem. Duas pessoas que estão juntas, e que se querem bem, precisam de acertar os seus ponteiros, com paciência e preserverança, com jogos e representações "teatrais", até entenderem que fazer amor é mais do que um encontro; é um "abraço" das partes genitais.
Tudo tem importância. Uma pessoa que vive intensamente a sua vida tem prazer e não sente falta de sexo. Quando faz sexo, é por abundância, porque o copo de vinho está tão cheio que transborda naturalmente, porque é absolutamente inevitável, porque ela aceita o apelo da vida, porque ela nesse momento, apenas nesse momento, ela consegue perder o controlo."
Onze Minutos , Paulo Coelho
"Nenhum truque resultou para conquistar o seu apaixonado. Que mistério esse, o de um ser humano amar outro que não o merece, tudo fazer para ele e não sucumbir perante o desprezo que lhe é cuspido na cara. Eu sei que os psicólogos têm termos para designar tudo isso: obsessão, obsessão patológica. As paixões são obsessões doentias e levam o paciente a tomar atitudes erradas, as únicas que não convêm naquelas precisas circunstância. Mas que forças estranhas levam um ser perfeitamente normal a apaixonar-se estupidamente e a morrer de paixão? Que ligações secretas existem entre as pessoas? Por que razão as forças que as atraem não são recíprocas? Se a física e a química têm algo a dizer, tudo parece muito confuso. Um corpo é atraído por outro, mas este não sente o mesmo grau de atracção."
"Mas como se isto não bastasse, até a linguagem que usamos é um verdadeiro faz-de-conta: já repararam no léxico da velha desculpa para despachar intrusos? «de momento o doutor está em reunião». Já não é a história da reunião que na grande maioria dos casos nunca existe, mas aquelas duas palavrinhas supinamente irritantes «de momento». Qual momento qual carapuça? O doutor não vai atender nunca, porque não está para o aturar, percebe? Ou o «se calhar» era melhor combinarmos jantar noutro dia. Não é se calhar coisíssima nenhuma! Apetece responder: Porque, vai atirar a moeda ao ar e se sair sim, vem jantar, se sair não, fica para outro dia! Tretas! Até nem me apetece nada ir jantar. E sem nos darmos conta continuamos com o faz-de-conta por dá cá aquela palha."
Palavra de mulher – Maria João Lopo de Carvalho
Passado dois anos, ainda não esqueci... nem esquecerei nunca...
Faz anos que o meu sonho de adolescente de uma vida a dois com o A desmoronou. Por mais que o tempo passe não consigo deixar de ter pena que comigo não tenha dado certo. Porquê comigo? Será que não merecia ser feliz? Não seria eu suficiente mulher?...
Tantas perguntas para as quais ao fim destes dois anos continuo sem resposta. Lá no fundo, gostaria que um dia ele me desse resposta a todas estas perguntas, mesmo sabendo que nunca há resposta para elas. As relações chegam ao fim por tantos motivos e por nenhum em concreto, mas gostaria de ter uma resposta para o facto de não ter ficado ao lado daquele que toda a vida amei, sem ele nunca ter merecido esse amor.
Sei que nunca terei essas respostas.
Quero que ele fique a centenas de quilómetros de distância.
Quero que ele não venha perturbar o meu sossego.
Quero andar tranquila na rua, sem ter receio de me cruzar com ele, como aconteceu na semana passada. Apesar de ter passado por ele sem sequer olhar ao lado, como se estivesse de bem com a vida, como se a presença dele me fosse completamente indiferente, como se nunca o tivesse visto na vida, por dentro um turbilhão de ódio e de raiva flutuava.
Eu sei que não foi indiferente. As lágrimas que continuam a deslizar pelo meu rosto são a prova disso. Bem lá no fundo continua o sonho de criança, o desejo de que viesse ter comigo, de que me pedisse desculpas por todas as palavras amargas e histórias inventadas, que me envolvesse nos braços e me prometesse que no futuro tudo ia ser como no meu sonho de criança.
Será que um dia eu vou encontrar outro amor assim... ou pelo menos... será que um dia as lágrimas desse amor "falhado" vão mesmo desaparecer de vez...
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