“- De qualquer modo, o facto era que tínhamos três filhos – O Damien , o Brian e a Lisa – e mantivemos a coesão durante grande parte dos vinte anos, como fazem os casais. Mas, há cerca de dez anos, senti que algo estava mal: entenda-se, mesmo mal, à excepção de todos os «males» diários com que aprendêramos a viver. As coisas tinham-se tornado insípidas, suponho, e decepcionantes. O Bem tornara-se cada vez mais obcecado pelos negócios – nesse tempo estava lançado no negócio do imobiliário, e eu refugiei-me na família. Depois, inesperadamente, há oito anos, descobri que mantinha outra relação.
- Oh – exclamou Sam . – Isso deve ter sido penoso.
Rose acenou. – Sem dúvida que foi. Embora as coisas não andassem bem há muito tempo – eu aprendera desde muito cedo que não estava no topo da lista de prioridades do Bem -, ser preterida é uma história completamente diferente. De repente, sentimos falta de tudo quanto nunca tivemos na realidade, e começa uma verdadeira vertigem de emoções. Vou directa ao assunto: há oito anos, numa manhã de Abril, ele entra na cozinha e diz-me que se vai embora, que já não me ama. Já tinha a mala pronta e não havia nada a fazer. E lá foi ele.
- E nunca mais o viste? – Sam parecia incrédulo.
- Oh, vi pois. E de mala feita. Patético, não é? A mulher do seu sócio: a glamorosa Caroline . Por acaso, é uma mulher muito simpática. Mais tarde fizemos as pazes; ela até me recomendou a clientes quando iniciei o meu negócio de «Catering”. Creio que o único erro grave que cometeu na sua vida, marcada por um gosto irrepreensível, foi apaixonar-se pelo Ben.
Sam riu-se para ela. – Então, ela depois largou-o? – Rose riu-se. Para ela era uma fantasia passageira. Ficou horrorizada quando ele lhe confessou que deixara a mulher e os filhos. Ela não queria nada de duradouro com o Bem. Despachou-o a grande velocidade e voltou para o seu marido. Foi o fim das suas férias românticas. E o resto, como se diz, é história. voltei à realidade com uma rapidez surpreendente e resolvi que não queria o Bem de volta, mesmo que ele pedisse. Foi como um despertar, como algo que estivesse a aguardar inconscientemente durante anos. Queria terminar a relação, assegurar a protecção dos filhos e seguir a minha vida.”
A outra face do amor – Catherine Dunne