“Porque estou a pensar em Velazquez a meio da noite? Ridículo! Conheço-o há apenas dois meses. Dois meses! Nunca acreditei no amor à primeira vista. O amor é construído, dia a dia, gesto a gesto. O que sinto mais não é do que uma emoção patética, de que não consigo definir os contornos. É fácil rotular de amor coisas que o não são: entusiasmo, atracção física, cumplicidades, sensações avulsas que desencadeiam marés de adrenalina. Seria perfeitamente idiota se me apaixonasse por um homem como Velazquez! Não temos nada em comum. Existe o fosso geracional, os valores, a paixão dele por Verónica, o feitio irascível, o estilo de vida, os objectivos, os modos de ser.”
O espelho da Lua – Joana Miranda