Sexta-feira, 21 de Março de 2008
"Nenhum truque resultou para conquistar o seu apaixonado. Que mistério esse, o de um ser humano amar outro que não o merece, tudo fazer para ele e não sucumbir perante o desprezo que lhe é cuspido na cara. Eu sei que os psicólogos têm termos para designar tudo isso: obsessão, obsessão patológica. As paixões são obsessões doentias e levam o paciente a tomar atitudes erradas, as únicas que não convêm naquelas precisas circunstância. Mas que forças estranhas levam um ser perfeitamente normal a apaixonar-se estupidamente e a morrer de paixão? Que ligações secretas existem entre as pessoas? Por que razão as forças que as atraem não são recíprocas? Se a física e a química têm algo a dizer, tudo parece muito confuso. Um corpo é atraído por outro, mas este não sente o mesmo grau de atracção."
Ponte levadiça – Isabel Gouveia
Segunda-feira, 11 de Fevereiro de 2008
"Quando eu era mais jovem acreditava cegamente no amor humano. Se uns olhos me fitavam com ternura, se uns lábios me sorriam, eu pensava logo que isso era uma prova de que gostavam de mim. Tinha vontade de retribuir e sentia uma euforia que hoje sei que se chamava felicidade. Agora, é escusado olharem-me com ternura e sorrirem-me afavelmente. Para mim, esses gestos podem não passar de uma mímica, fazer parte de uma representação. Ainda que a pessoa que me olha ou sorri julgue que é sincera, o facto é que, mesmo assim, pode estar a representar. Pode não executar esses gestos por amor verdadeiro, puro, desinteressado. Ela pode ter um interesse qualquer, nem que seja o de me dominar com a sua aparente afabilidade, quebrar todas as minhas resistências, fazer de mim um fantoche, uma marioneta movida por cordelinhos."
Ponte levadiça – Isabel Gouveia
Quinta-feira, 24 de Janeiro de 2008
"Haverá, porém, algo neste mundo que não seja movido por interesse? Poder-se-á amar, em sentido lato, uma pessoa que nunca retribuiu esse sentimento ou apenas revela uma reciprocidade passiva, não actuante?"
Ponte levadiça – Isabel Gouveia
Quarta-feira, 21 de Novembro de 2007
"Respeito a tua memória, o teu sofrimento, a tua degradação, mas não gostaria de ser como tu. Tem de se abandonar a luta quando nos apaixonamos por uma pessoa que não nos merece."
Ponte levadiça – Isabel Gouveia