Domingo, 13 de Abril de 2008

Mais valia ficar quieta

“Se de cada vez que isso acontece, ficas nesse estado, mais valia ficares quieta! Mete os dedos numa tomada de corrente! Toma duches frios! Bebe água quente em jejum!
-         Merda de feitio!
O que é que esperavas? Fogo de artificio e paixão, nestas condições? Nessa idade? Acorda, mulher! A tua adolescência ficou no princípio do século. A vida não é a parvoíce que tu queres. Sabes onde é que podes meter a mania dos sonhos?
-         Cabra! Tenho tanto direito como qualquer outra pessoa!
 
Praia das Maçãs - Margarida Faro
Clauclau às 01:15

| Comentar | Adicionar aos favoritos
Quinta-feira, 14 de Junho de 2007

A outra

“Nas tintas, minha querida. Nem gasto tempo a pensar. Odiei o papel de “a outra”! É só! Sei, bem de mais!, o que é ser a legitima enganada. Quando foi a minha vez, não gostei. Não gostei nem um pedacinho. A vergonha, a humilhação, o sentir-me atraiçoada na confiança, o ser roubada dos sonhos... De resto, tu também sabes. Também levaste o teu belo par deles...”
Praia das Maçãs - Margarida Faro
Segunda-feira, 11 de Junho de 2007

Ofensa à vida

“Não sermos felizes, é uma ofensa à vida! Uma indignidade! Não há situações perfeitas, pronto!, mas, se tu fores ver, muitos dos que têm uma vida dita certinha, estão acomodados. Fingem felicidade para não desatarem aos berros. Tanta infelicidade, tanta loucura, tanta mentira, tanta solidão, falta-me, irrita-me! A outra, cheia de garra, de força de vontade, levou um pontapé nos dentes. Mais um. Eu queria tanto que ela fosse feliz!... E tu... e outros de quem eu gosto. Uma anda a beber. A outra sente-se perdida. Não são felizes. Porquê? Não era suposto? Não foi com esse objectivo que se juntaram.”
Praia das Maçãs - Margarida Faro
Domingo, 10 de Junho de 2007

Procuro

“Encontrar um homem que a entendesse. Que fosse a metade do todo que, por sozinha, desconfiava jamais poder alcançar. Com quem sentisse interesses comuns e igualmente diferenças de gosto. Nem os primeiros tão excessivos que os fizessem tropeçar um no outro, esbracejar por espaço próprio, nem as segundas tão marcantes que os afastassem, implacavelmente.
Alguém com pachorra para aturar o meu bom, o meu mau, as minhas manias. Que se deixe conhecer no seu bom, no seu mau, nas suas manias. Há tiques que dão graça às pessoas... Alguém que saiba ouvir-me e compreender-me. Animar-me, se eu estiver em baixo, que me permita fazer o mesmo, quando as coisas forem ao contrário. Que seja o meu conforto conhecido e a minha novidade. Para quem seja fácil desistir de grandes ocasiões, quando as pessoas armam e só querem fazer figura, prefira jantar comigo numa tasca de rua de trás, a beber vinho tinto da pipa. Que saiba transformar a escapadela em aventura. Que queira ser o encosto onde eu deito a cabeça, não a almofada em cima da boca. Para quem eu seja o ar que precisa para existir. Uma companheiro... um corpo que se cole ao meu... Onde eu me encontre... Feitos um para o outro. Que me considere inconfundível, que eu reconheça entre mil, sem hesitar... ”
Praia das Maçãs - Margarida Faro (adaptado)
 
 

Clauclau às 00:16

| Comentar | Adicionar aos favoritos
Sábado, 9 de Junho de 2007

Vidas alheias

 “A sua existência era o que era, e o que tina sido: um dia após o outro, sem rasgos, sem euforia, sem aventura. Vendo bem, e apesar de tudo, sem as desilusões profundas, os desgostos inultrapassáveis, de que facilmente tomava conhecimento nas vidas alheias, desde que se desse ao trabalho de debruçar-se nelas, afastar os véus que as fazem parecer normais, calmas aceitáveis e iguais umas às outras."
 
Praia das Maçãs - Margarida Faro
 
 

Clauclau às 22:25

| Comentar | Adicionar aos favoritos

Esquecer-se das próprias palavras

“Ensina-me qualquer coisa. Não me fales sempre do que eu já conheço. Essa atitude não tem nada de novo. Nunca quiseste! Alguém, em alguma ocasião, tem de forçar-te a ouvir umas verdades. Eu sou tua amiga o suficiente para arriscar a que nunca mais olhes para a minha cara. Mas digo-tas. Tu tens de correr o risco de ser feliz! Andas a castigar-te sem razão. Andas a impedir-te de viver. Estás presa a uma mentira. Paralisada. Cabe-te lutar para sair disso. Ele fez-te mal! Deixou-te enredada. Às vezes, acontece. Até entre pessoas bem intencionadas, que se gostam muito... – Hesitou por um instante, corrigiu-se: - Disparate! Quem gosta de verdade não cai na fraqueza de manipular. Para quê? Não precisa. E, como é que o Miguel costuma dizer? Deus Nosso Senhor me livre dos bem-intencionados, que dos mal intencionados me livro eu. Não é? Também, para o caso é irrelevante. O que importa é tu andares para a frente, dares licença a ti própria de amar outra vez! (...) Só se pode amar uma vez na vida? Cada paixão é diferente da outra!... Por esta vez ouve-me até ao fim. Quando o meu divórcio ia dando comigo em doida, quem é que eu encontrei ao meu lado a dar-me força? Estou para aqui a dizer estas coisas e só me lembro de ti a dizer-mas a mim, naquela época. Tu impediste-me de enfiar a cabeça na areia. Massacraste-me os ouvidos, que eu não podia desistir, que a vida não ia acabar. Obrigaste-me a levantar a cabeça. Ias arrancar-me da cama, quando eu não queria ver ninguém, nem falar a ninguém, só me apetecia morrer. Convenceste-me de que eu tinha coisas boas para dar, que era imoral deixar-me cair num buraco. Que não podia perder a esperança no tal amanhã. Também, depois, quando chegou a minha vez de assistir-te, não deixaste. Recolheste-te numa concha duríssima, calaste tudo. Eu fiquei do lado de fora. Entretanto, andas a ver se te matas por dentro. As tuas teorias aplicam-se a mim. E a ti? ”
Praia das Maçãs - Margarida Faro
 

 

É sempre assim. Temos sempre uma palavra aconchegante para dar às nossas amigas quando estão a atravessar uma fase menos boa. Mas a verdade é que, quando passamos exactamente pelas mesmas situações, esquecemo-nos das nossas próprias palavras.

Clauclau às 00:06

| Comentar | Adicionar aos favoritos
Sexta-feira, 8 de Junho de 2007

Um pedido de desculpas

“Alguma vez te sentaste contigo, comigo ou com qualquer pessoa, a desabafar? Alguma vez te deste licença para gritar? Seria natural, tendo passado o inferno. Com ele e por causa da tua paixão por ele... Alguma vez te concedeste o direito de dar os coices que seria de esperar? Uma mulher que se dedicou... – Enunciavas-lhe os predicados, tanto pelos dedos: - ...talentoso, bonito, simpático, incompreendido, frágil, bem falante... Afinal, era um coirão egoísta, mimado, fraco e manipulador, um drogado mentiroso, como todos são!, que te roubou tudo, desde os objectos à paz de espírito e te atraiçoou?”
Praia das Maçãs - Margarida Faro
 
Continuo sem aceitar as desconfianças do AFL : Passaram 16 meses e parece que foi ontem. Ainda sinto a mesma raiva, o mesmo desgosto ao ouvir as palavras que lhe saiam da boca, sem dó nem piedade, sem se preocupar sequer em questionar se seriam verdade as traições de que me acusava. Os meses passam, e sei que só o conseguirei perdoar no dia em que me pedir desculpas por toda a dor que me causou, por todas as calunias e por todas as palavras ditas sem pensar.
Esperarei... até ao fim dos meus dias por um pedido de desculpas sentidas. Acho que há uma altura na vida em que temos consciência dos nossos erros, e espero que um dia ele tome consciência dos seus actos. Não é que queira o seu amor de volta. Ao contrário de algumas histórias de vida em que é possível recuperar o que se julgava perdido, a minha esperança não é a de voltar a refazer a minha relação com ele. Quero voltar a amar, mas outra pessoa, alguém que mereça de verdade o meu amor, os meus afectos. O AFL deu-me mais do que provas suficientes de que não era, nem nunca será a pessoa digna do meu amor. Dele apenas preciso de um pedido de desculpas. Só isso. Não era pedir muito... mas infelizmente muito homens nunca assumem os seus erros. Até o podem fazer interiormente, mas muito dificilmente o assumirão em palavras sinceras.
Esperarei, sem pressas, em vida ou em morte, por esse pedido de desculpas. É só isso que necessito de ti "ser cruel". Talvez isso diminua toda esta raiva que teima em habitar em mim.

Domingo, 3 de Junho de 2007

Terá sido um grande amor

“- Achas que era o que te estava destinado? Foi o amor da tua vida?
A boca crispou-se-lhe aos cantos. Ergueu as sobrancelhas. Sob o olhar da amiga, tossicou, sacudiu a cinza do cigarro no lava-loiça. Demorou a responder.
- Queres uma resposta honesta? Não. Apesar de tudo, não. Se assim fosse, as coisas tinham-se harmonizado. Nós fomos a própria negação da teoria. Já tenho dúvidas se ele foi um grande amor... sei que, para ele, eu não fui. Nem grande nem pequeno. É melhor que não me engane. Pensei que sim, durante muito tempo... E, também, durante muito tempo, recusei-me as reconhecer que não. Depois de tanto drama, tanto sofrimento, esvaziava-me a vida.”
 
Praia das Maçãs - Margarida Faro
 

 
Como me vejo retratada nesta passagem. Pensei que o amava. Durante anos foi esse o sentimento que julgava que preenchia o meu coração. Mas com o fim da relação percebi que ele nunca me tinha amado e questiono mesmo se algum dia o amei, pois não quero acreditar que o amor se descarta assim das nossas vidas, como se fosse um simples objecto material com a validade perdida. Tem de ser mais do que isto...

Pesquisar

 

Posts recentes

Mais valia ficar quieta

A outra

Ofensa à vida

Procuro

Vidas alheias

Esquecer-se das próprias ...

Um pedido de desculpas

Terá sido um grande amor

Arquivo

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Outubro 2008

Setembro 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

tags

afl(30)

amor(260)

ana santa clara(9)

casamento(10)

catherine dunne(11)

citações(324)

dr.ª robin l. smith(8)

ildikó von kürthy(13)

joana miranda(60)

jorge bucay e silvia salinas(11)

livros(308)

margarida rebelo pinto(32)

maria joão lopo de carvalho(10)

miguel sousa tavares(24)

paulo coelho(28)

robin sisman(9)

sofrimento(21)

stefania bertola(12)

suzanne schlosberg(10)

vida(183)

todas as tags

Imagens

Retiradas da net