Sábado, 9 de Junho de 2007

Esquecer-se das próprias palavras

“Ensina-me qualquer coisa. Não me fales sempre do que eu já conheço. Essa atitude não tem nada de novo. Nunca quiseste! Alguém, em alguma ocasião, tem de forçar-te a ouvir umas verdades. Eu sou tua amiga o suficiente para arriscar a que nunca mais olhes para a minha cara. Mas digo-tas. Tu tens de correr o risco de ser feliz! Andas a castigar-te sem razão. Andas a impedir-te de viver. Estás presa a uma mentira. Paralisada. Cabe-te lutar para sair disso. Ele fez-te mal! Deixou-te enredada. Às vezes, acontece. Até entre pessoas bem intencionadas, que se gostam muito... – Hesitou por um instante, corrigiu-se: - Disparate! Quem gosta de verdade não cai na fraqueza de manipular. Para quê? Não precisa. E, como é que o Miguel costuma dizer? Deus Nosso Senhor me livre dos bem-intencionados, que dos mal intencionados me livro eu. Não é? Também, para o caso é irrelevante. O que importa é tu andares para a frente, dares licença a ti própria de amar outra vez! (...) Só se pode amar uma vez na vida? Cada paixão é diferente da outra!... Por esta vez ouve-me até ao fim. Quando o meu divórcio ia dando comigo em doida, quem é que eu encontrei ao meu lado a dar-me força? Estou para aqui a dizer estas coisas e só me lembro de ti a dizer-mas a mim, naquela época. Tu impediste-me de enfiar a cabeça na areia. Massacraste-me os ouvidos, que eu não podia desistir, que a vida não ia acabar. Obrigaste-me a levantar a cabeça. Ias arrancar-me da cama, quando eu não queria ver ninguém, nem falar a ninguém, só me apetecia morrer. Convenceste-me de que eu tinha coisas boas para dar, que era imoral deixar-me cair num buraco. Que não podia perder a esperança no tal amanhã. Também, depois, quando chegou a minha vez de assistir-te, não deixaste. Recolheste-te numa concha duríssima, calaste tudo. Eu fiquei do lado de fora. Entretanto, andas a ver se te matas por dentro. As tuas teorias aplicam-se a mim. E a ti? ”
Praia das Maçãs - Margarida Faro
 

 

É sempre assim. Temos sempre uma palavra aconchegante para dar às nossas amigas quando estão a atravessar uma fase menos boa. Mas a verdade é que, quando passamos exactamente pelas mesmas situações, esquecemo-nos das nossas próprias palavras.

Clauclau às 00:06

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Sexta-feira, 8 de Junho de 2007

Um pedido de desculpas

“Alguma vez te sentaste contigo, comigo ou com qualquer pessoa, a desabafar? Alguma vez te deste licença para gritar? Seria natural, tendo passado o inferno. Com ele e por causa da tua paixão por ele... Alguma vez te concedeste o direito de dar os coices que seria de esperar? Uma mulher que se dedicou... – Enunciavas-lhe os predicados, tanto pelos dedos: - ...talentoso, bonito, simpático, incompreendido, frágil, bem falante... Afinal, era um coirão egoísta, mimado, fraco e manipulador, um drogado mentiroso, como todos são!, que te roubou tudo, desde os objectos à paz de espírito e te atraiçoou?”
Praia das Maçãs - Margarida Faro
 
Continuo sem aceitar as desconfianças do AFL : Passaram 16 meses e parece que foi ontem. Ainda sinto a mesma raiva, o mesmo desgosto ao ouvir as palavras que lhe saiam da boca, sem dó nem piedade, sem se preocupar sequer em questionar se seriam verdade as traições de que me acusava. Os meses passam, e sei que só o conseguirei perdoar no dia em que me pedir desculpas por toda a dor que me causou, por todas as calunias e por todas as palavras ditas sem pensar.
Esperarei... até ao fim dos meus dias por um pedido de desculpas sentidas. Acho que há uma altura na vida em que temos consciência dos nossos erros, e espero que um dia ele tome consciência dos seus actos. Não é que queira o seu amor de volta. Ao contrário de algumas histórias de vida em que é possível recuperar o que se julgava perdido, a minha esperança não é a de voltar a refazer a minha relação com ele. Quero voltar a amar, mas outra pessoa, alguém que mereça de verdade o meu amor, os meus afectos. O AFL deu-me mais do que provas suficientes de que não era, nem nunca será a pessoa digna do meu amor. Dele apenas preciso de um pedido de desculpas. Só isso. Não era pedir muito... mas infelizmente muito homens nunca assumem os seus erros. Até o podem fazer interiormente, mas muito dificilmente o assumirão em palavras sinceras.
Esperarei, sem pressas, em vida ou em morte, por esse pedido de desculpas. É só isso que necessito de ti "ser cruel". Talvez isso diminua toda esta raiva que teima em habitar em mim.

Quinta-feira, 7 de Junho de 2007

Não merecia o meu amor

O AFL nunca mereceu o amor que durante anos lhe dediquei. Cada vez que penso nisso, no quanto lutei para conseguir que ele gostasse de mim como eu gostava dele, recordo esta crónica da Margarida Rebelo Pinto:
 
"O camponês e a rapariga"
 
"Era uma vez um camponês de pensamentos simples e poucas posses que se apaixonou pela rapariga mais bonita da aldeia. Ela tinha tudo o que a ele lhe faltava: graça, inteligência, popularidade, brilho, mistério.
 
Ela era bonita, ele igual a tantos outros. Ela era alegre e divertida, ele tímido e metido consigo mesmo. Ela era fogosa e provocadora, ele mais parecia uma mosca morta. Ela tinha graça quando andava, ele parecia que tinha os sapatos pequenos para os pés. Ela brilhava, ele era fosco como uma lâmpada. Ela tinha a força do sol, ele a sombra da lua. Ela não gostava de ninguém e ele gostava dela.
 
Um dia, junto à fonte, declarou-lhe o seu amor e ela riu-se dele. Então ajoelhou-se aos pés dela e jurou-lhe amor eterno. Ela riu-se outra vez e respondeu com escárnio e desprezo: amor eterno, isso não existe. Mas ele não desistiu. Queria amá-la para sempre e estava disposto a honrar o seu amor por ela.
 
Então ela olhou para ele com mais atenção e pensou que até podia amar um dia aquele homem, tão igual a tantos outros, e lançou-lhe um desafio. Durante cem dias e cem noites ficarás debaixo da minha janela à minha espera. Faça chuva ou faça sol, caia neve ou trovoada, noite e dia, dia e noite. Cem dias e cem noites. Se aguentares tanto tempo, então é porque mereces o meu amor.
 
O camponês regressou a casa com o coração cheio de esperança. Cem dias era um preço baixo a pagar para ter a sua amada. O tempo iria voar, tinha a certeza.
 
No dia seguinte, fez o farnel e foi para debaixo da janela dela. Esperou que ela aparecesse e acenou-lhe quando a viu espreitar pelas frestas das portadas. O mesmo aconteceu na segunda noite. E na terceira. E na quarta. E em todas as noites que se seguiram.
 
Todos os dias, a qualquer hora, lá estava ele, à espera de um sinal dela, para lhe mostrar que estava ali, de pedra e cal à espera de merecer o seu amor. Acabou o verão. Chegou o frio. Depois a chuva. Depois a neve. E o camponês sempre perfilado como um soldado na parada, à espera que ela o espreitasse pelas portadas para lhe poder mostrar que estava ali, a cumprir o seu desígnio, a resgatar a sua promessa.
Nunca durante todos esses dias ela abriu a janela para o saudar. Nunca lhe abriu a porta e o convidou a entrar e descansar da sua vigília. Nunca lhe ofereceu um sorriso, uma palavra de afecto, um instante de atenção.
 
Mas ele continuava lá, agora já cansado, enregelado pelo frio, ferido pela indiferença dela, desgastado pelo vento e pela chuva, faminto e triste, sentindo-se cada vez mais só...
 
Na nonagésima nona noite ele esperou mais uma vez por ela. E mais uma vez ela não apareceu. O camponês abanou a cabeça, sentou-se no passeio e chorou durante muito tempo. Tanto tempo que a noite passou e o dia começou a nascer.
 
Tantas horas de espera, tantos sonhos no seu coração, tanto amor para dar e afinal nada valera a pena. A rapariga continuava a ignorá-lo, a fazer troça do seu amor. Sentado no passeio, chorou e viu as suas lágrimas formarem um fio de água que ia ter ao rio, e este ia ter ao mar. Viu o seu amor diluir-se, sentiu que a sua paixão não era nada, comparada com outras paixões que moveram mundos, povos e montanhas. Era só um fio de água que corria para se juntar ao mar.
 
Foi então que o camponês percebeu. Percebeu que não era ele que não era digno do amor dela, ela é que não merecia o amor dele. Que tudo o que ele amava naquela rapariga era uma ilusão, não existia. Que o seu esforço só lhe tinha servido para aprender a conhecer-se e a aceitar-se melhor a si próprio. Era um homem livre.
 
E no dia seguinte, quando ela abriu a porta para se entregar a ele, rendida por tanto amor e paixão, ele tinha-se ido embora.”
 
As crónicas da Margarida - Margarida Rebelo Pinto

 
Segunda-feira, 4 de Junho de 2007

Sinto falta

Sinto falta do teu olhar atrevido, do teu sorriso manhoso, dos teus braços gostosos e dos teus abraços apertados, do teu corpo ardente colado ao meu e dos teus lábios quentes descobrindo cada recanto do meu corpo.

Sinto falta das palavras doces que já não oiço, da voz tremida que já não conheço, do telemóvel que já não toca, das mensagens amorosas que já não recebo, dos postais de amor que já não envio.

Sinto falta dos beijos, dos mimos e dos carinhos.

Sinto falta de tudo o que já tive e que me roubaram.

Sinto falta de ser feliz, de amar e ser amada.

Sinto falta de andarmos de mãos dadas, de ver o pôr do sol e o nascer do dia, de passar horas a fio com a cabeça no teu colo, a falar de tudo e de nada, esquecendo o mundo.

Sinto falta de acreditar nas tuas palavras, de confiar nos teus gestos, de te ser fiel.

Sinto falta do que tive e já não tenho.

Sinto tanta falta...

 

Clauclau

 

 

 

 

Sábado, 2 de Junho de 2007

Voltará?

“Por isso agora convido-te a imaginares que estou diante de uma janela fechada e observo através dos vidros o movimento de um bairro periférico, à espera de ver voltar aquele a quem chamo o amor da minha vida. Não sei quando voltará, podem faltar minutos, horas, anos....”
 
À tua espera – Julieta Monginho
 
 

 

O tempo passa por mim, implacável e sem piedade, sem olhar ao lado e sem me dar tempo... tempo para alterar o que já não posso alterar, para apagar o que já não pode ser apagado e para viver o que já não pode ser vivido. Perdi minutos, horas, dias, anos iludida pelo amor. Gastei o tempo que já não volta num amor que o próprio tempo diluiu.

O tempo que me mostra a cada dia que passa que deixei de acreditar, que deixei de ter esperança, que deixei de desejar voltar a investir, voltar a amar, voltar a sofrer... 

Não está escrito que tenha de amar, de ter um lar, uma família. Cada vez me convenço mais que não pertenço a esse mundo, que nunca irei conseguir ter a família de sonho que um dia sonhei. Olho para o lado, e vejo que já é tarde, que é tarde para começar do zero. Estou cansada, exausta, desiludida com a vida, com o mundo, com uma panóplia de sentimentos falsos que nos alimentam os sonhos e que os transformam em pesadelos. Começo a acreditar que vivo numa sociedade sem valores, sem sentimentos... estes ficaram presos no passado, há anos atrás, talvez séculos. Olho à minha volta e só vejo falsidades, traições e infidelidades.

Hipócritas! Tentam mostrar vidas de sonho, que invejamos sem saber que o terreno está completamente minado, sem saber que vivem em guerra permanente, debaixo do mesmo tecto, escondidos por quatro paredes. E nós, puros imbecis, acreditamos que a felicidade plena existe. Pura utopia. É-nos vendida como um pacote de férias em que só nos é mostrada a parte boa da viagem, mas ninguém nos adverte dos mosquitos, das cobras e dos lagartos.

Pensando bem, tudo isto é relativo, quantos são os casos que sabem que o terreno está minado, que vivem mergulhados em sentimentos falsos, e que mesmo assim continuam a aparecer de mãos dadas e com um sorriso na cara.

Não... não suporto infidelidades, traições, mentiras, falsidades... não sei viver nesse mundo em que todos vivem iludidos. Sei que não voltarás, mas se voltasses também já não irias encontrar nenhuma porta aberta... sim, a culpa é tua. Tua e do tempo. São vocês os únicos culpados da destruição do véu que me tapava a visão e que me fazia acreditar no amor.

 

Clauclau

 

 

 

 
 
 
“Eles ficam fartos daquilo que têm, levantam-se e vão-se embora.”
“Já ninguém sente as coisas que diz. Tudo é temporário. Nada dura.”

 Namorada dos meus sonhos – Mike Gayle

Segunda-feira, 21 de Maio de 2007

Ingenuidade

De facto, o meu maior defeito é a ingenuidade. Quer dizer, estou a tratar disso, mas é extraordinariamente difícil libertar-nos de traços particulares tão radicais. Imaginem só, já me chateio o suficiente sozinha, por esse motivo; já para não falar do facto de ser igualmente sensível e impressionável... Parto sempre do pressuposto de que as pessoas me dizem sempre a verdade. Ainda hoje acredito cegamente na fidelidade, bem, não na minha, mas isso é outra conversa. (...) É uma vergonha ter demorado tanto tempo a desmascarar aquele imbecil.”

  

Coração à deriva – Ildikó Von Kürthy

  

  

 

 

 

 

 
Quanta hipocrisia para ali vai! Quero observar, com aquela carinha de santo, pensa que é incapaz de partir um prato, e no entanto já partiu a loiça toda.”
 
“Que mal lhe tinha feito para que ele me pagasse daquela maneira? Porquê? Se a única coisa que fez foi amá-lo? Porquê? Porquê. Perguntava com insistência.”
A varanda das gardénias – Sandra Sabanero

 

 

 

 
Sábado, 19 de Maio de 2007

Destino

“   - Viver obcecado pela mesma mulher durante toda a minha vida?
- Os destinos também são traçados por nós mesmos.
- Tretas! Daria tudo para ter outro destino, para me apaixonar por alguém, para ocupar o meu pensamento com um outro objecto, que não aquele. Qualquer objecto, percebes? Tenho tentado de tudo, tenho tido tantas relações, tantas namoradas, tantos «Flirts»...”
Não se escolhe quem se ama - Joana Miranda
 
 

Sexta-feira, 18 de Maio de 2007

Nada de mais

“A questão é essa. Mesmo que a conhecesses bem, não verias nada nela. Ela não tem nada de especial, percebes? É isso que me irrita. Se fosse uma mulher bonita, lindíssima, arranjadíssima! Mas é banal, totalmente banal, e veste terrivelmente mal. Fico doente só de pensar na maneira como se veste.”
Não se esquece quem se ama - Joana Miranda
 
 

Quinta-feira, 17 de Maio de 2007

Pessoa especial

“Quero que saibas que foste uma das pessoas mais importantes da minha vida, uma daquelas que mais gostei, por quem mais carinho senti, com quem mais partilhei, que mais fundo me tocou. Seria capaz de fazer tudo por ti. Mas não posso fazer nada.”
 
“Espero que arranjes um cantinho bonito e quentinho no teu coração para me colocares sem sofreres com isso. Um cantinho que visites, mas em que a minha recordação não te faça mal. Vais encontrar outras pessoas, depois uma em particular, e eu vou ser só saudades boas. Daquelas que não fazem chorar de dor nem mágoa. Vou ser uma recordação boa. Poderia ter sido diferente mas foi assim.”
 

O espelho da Lua – Joana Miranda

 

Quarta-feira, 16 de Maio de 2007

Sarar a ferida

“A pouco e pouco, a ferida sara. Uma das vantagens do esquecimento é conseguir esquecer aquilo que não nos apetece recordar. Mais vale não sermos de todo amados a sê-lo pouco e/ou mal. As pessoas não nos podem dar tudo o que queremos delas, o que esperamos que nos dêem. No âmago de si espera, secretamente, que um dia surja na vida um homem com quem, finalmente, consiga ser feliz. Sem se esquecer de, enquanto esse dia não chega, viver em pleno cada novo dia da sua vida. Sem fantasmas. «Carpe Diem !» À noite, pede a um deus sem face que procure o seu amor pelos confins dos céus, que lhe peça que desça pela aragem morna da noite até ao silêncio do seu coração.”
Não se escolhe quem se ama - Joana Miranda
 

 
 
 

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